sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Resoluções Sagradas.

(ou Sobre a Ilusão)

[Luis Miguel: "Nos Hizo Falta Tiempo"]

Passou, não é? Ou não? De verdade, eu francamente não sei. Hoje seria o dia de saber se ela ainda me faz tremer, mas algo me fez evitar tal encontro, que, talvez, sequer viesse a ocorrer. Seria medo? Quem sabe? Apesar da carranca que carrego, às vezes me permito um voto de confiança aos traços de humanidade que existem em mim.


[Einstürzende Neubauten: "Haus der Lüge"]

Mas analisando friamente (Carranca - leitor. Leitor - carranca. Apresentações feitas, retornemos), vejo que não, não é medo. É algo relacionado à sacralização. O que tenho, dentro de mim, por ela, é e sempre foi algo tão bonito! "Rebaixá-la" à condição de ser humano, igual a qualquer outra, provavelmente faria com que as estrelas que iluminam aqueles olhos por detrás daqueles óculos que eu adoro se tornassem foscas. Levaria aquele sorriso a tomar traços de modelo anoréxica modificada em Photoshop. Transformaria aquele abraço que sempre me deixou sem palavras em mais uma burocracia de amigos. E isso, assumo, me assusta. Muito.

[The Mission UK: "Severina"]

Em minha preocupação pela forma de minhas produções textuais, me vejo na necessidade de descrevê-la. Talvez, algum dia, eu trate esse meu TOC literário. Pois bem: Uma suave voz de contralto; mãos pequenas; uma timidez que esconde idéias envolventemente encantadoras, de alguém que largou a segurança da profissão rentável pelo amor à educação; as tatuagens mais únicas... E se eu não me editar, este parágrafo facilmente ultrapassará o limite de linhas contido em tua paciência, prezado leitor.

[The Cure: "Cut Here"]

O fato é que ela está desfilando bela e formosa no campo das idéias. No campo da saudade que, a despeito de incontáveis mensagens, não creio que há de se desfazer, por ser igualmente bela. Existe uma "saudade Romântica". E, haja protestos ou o bom e velho "arrependa-se somente do que você tentou", eu ainda considero muito mais proveitoso o deleite dos pensamentos e das lembranças. Não quero vê-la. Não quero atualizar minhas memórias para algo que, talvez, possa não me encantar tanto quanto aquela camiseta laranja de dois anos antes...

[Joy Division: "Decades"]

E assim é. Este sou eu, despido de pudores e valores, me permitindo o direito à ilusão e ao entorpecimento, que tantas vezes são muito mais belos que a realidade.

[Spice Girls: "Spice Up Your Life"]

Criança das estrelas.
Um bebê nascido do paraíso.

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Venero-te. Renego-te.

(ou "O mistério do amor é maior que o mistério da morte." - Oscar Wilde)

“Eu posso ver claramente agora – uma visão, de fato, dolorosa.”
Iced Earth: “The Prophecy

[L'Homme Revolte]


O mundo fala a respeito dele. Ocorre desde tempos imemoriais sua banalização, embora eu não saiba se, em algum momento da História ele teve a importância e o tratamento “corretos” (se é que isso existe). As infinitas e incorrigíveis tentativas de universalização do pensamento, sentimento e do ser costumam tomá-lo como a verdade absoluta. Ele é o clichê mais tradicional já criado, o que me leva a ponderar acerca de seu aparecimento entre minhas palavras, geralmente carregadas de uma agressividade que me é cara. Mas se a quebra de paradigmas se torna uma necessidade da qual não se pode fugir, paradoxalmente, essa quebra se torna outro paradigma. Logo, que se quebre o paradigma paradoxal. E que, contra qualquer expectativa de quem acompanha minhas palavras, parafraseie eu o “Excelentíssimo Síndico” Sebastião Rodrigues Maia: “Vamos falar de amor.

[Le Chatiment du Traitre]

O amor me é sagrado. Beatifico, canonizo e deifico-o. Tal divindade, por sua divindade, é envolta em perfeição. Eis o início de todos os problemas. Qual seria a taxa de mortalidade de um amor perfeito em humanos imperfeitos? É difícil imaginar, de forma racional, a perfeição. Somente quando arrebatados pela insânia patológica tal idéia (acompanhada por outro ser mantenedor de tal patologia) parece fazer algum sentido. E como não há verdade na universalização (é verdade, juro), eu me limito à análise, somente.

[L'Assassin]

“Você acredita em amor? Você acredita em destino? O amor verdadeiro só pode vir uma vez em mil vidas. Eu já amei. Tomaram-na de mim. Rezei por sua alma. Rezei por sua paz.” – Drácula de Bram Stoker me leva a crer n’um amor próximo deste que tenho por sacro. Tão sacro que parece se manchar com as imperfeições da humanidade. Mantenhamo-lo nós livre, portanto, deste claustro da carne e suas impurezas que tanto nos divertem. Por que não? Por que crer (a pergunta sem resposta daquele que paradoxalmente tem como maior crença a “não-crença”) em sua associação com raiva, ciúmes, posse, dor e outros sentimentos, sensações e reflexos do lobo temporal tão possivelmente desagradáveis? Por que não simplesmente admirá-lo como o pássaro livre de nossas culpas (nossas tão grandes culpas)? Parece existir a necessidade novamente patológica de tomá-lo entre nossos braços, olhos, coxas e sentidos, para que quando ele finalmente morrer, haja provas de sua vida (algo próximo do que Guimarães Rosa falou). O saber e o sentir não são suficientes? Há de fato o dever para com a prova? O barbudo da Galiléia tentou explicar sobre isso, se não me falha a memória (faz algum tempo que não visito aquelas bandas), mas infelizmente parece ter falhado.

[Les Deracines]

Neste ponto, caro leitor, deves pensar que mais uma vez, como já lhe deve ser comum, a arrogância tenha me tomado de assalto. Não te culpo por pensar assim. Não sou muito bom em transmitir o que penso de forma simples, por meu pensar não me ser simples. Todavia, se crês que me relativizo à perfeição deste amor que sacralizo, erras. Sou tão imundo quanto o resto da humanidade, e com ela devo ser destruído se, algum dia, esta divindade de fato exercer seu poder e dominar este mundo. Este “Amor-Perfeito”.

[Le Vertige du Vide]

Porém, esta é a visão do amor perfeito. O amor sagrado. O amor que vagueia pelas minhas idéias e já visitou meus outros sentimentos. O amor que morreu no abismo entre o coração e a mente. E, deste amor, mantenho a distância sagrada, referente ao respeito entre o fiel e seu deus. Ele não mais me toca (ou eu não mais creio na ilusão de seu toque), e a minha busca por perfeição tomou rumos diferentes da dele. Talvez porque se “há tantos loucos com tantas verdades”, deve haver uma verdade que me sirva. Uma verdade diferente desta sacralização cega. Uma verdade cheia de imperfeições que me façam mais rir que chorar.

[Les Exigences de la Foi]

Ou,
se em improvável desespero,
talvez uma mentira.

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Escrito há muito tempo, e re-editado o som de Nos Chants Perdus, álbum de 2010 da banda luxemburguesa Rome.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Seqüência do Pecado

O fato é simples. Havia um texto sensacional aqui, com o título acima. Doloroso e pungente. E a arrogância, de fato, me toma ao avaliá-lo. Todavia, o Blogger me odeia e esta é a quarta ou quinta criação que simplesmente DESAPARECE. Sim, os textos têm desaparecido sem deixar vestígio algum em área de transferência, rascunhos ou qualquer outro local da rede. Então, declaro que somente voltarei com minhas infrutíferas tentativas de postagem quando meu computador estiver em boas condições. Agradeço às visitas (Day, Dita, Jaya, Naná, Manda, Pri, Marcão, Mi, Lucas e quem talvez tenha visitado este Hzeronove, mas não tenha se identificado) e espero ansiosamente pela boa vontade deste servidor que esgotou as últimas gotas de minha consideravelmente grande paciência.
Até o retorno.