quarta-feira, 21 de abril de 2010

1962 - 2010

(Ou Relação Metalingüística com "Everything Dies")

É com grande tristeza que informamos que o baixista e frontman do Type O Negative, e nosso companheiro de banda Peter Steele faleceu ontem à noite do que parece ser uma insuficiência cardíaca.

Ironicamente Peter vinha desfrutando de um longo período de sobriedade e melhoras de sua saúde, e em breve deveria começar a escrever e gravar músicas para o nosso próximo álbum, sucessor de "Dead Again" lançado em 2007.

A causa oficial de sua morte ainda não foi determinada, em pendência dos resultados da autópsia. Os serviços funerários serão privados e serviços de memorial serão anunciados em data futura. Gostaríamos de compartilhar nossos pensamentos e os da família de Peter abaixo.
Estamos realmente entristecidos por perder nosso amigo e apreciamos o tremendo derramamento de lágrimas ao redor do mundo hoje.

Sinceramente,

Josh, Kenny & Johnny.



Traduzido livremente do site oficial da banda,
acessado em 15 de abril de 2010.

[Black N°1]

Sem pudor algum para evitar elucubrações poéticas, me permito simplesmente despejar sentimentos de forma livre, como em um imaginário brainstorming dadaísta. Primeiramente, para a compreensão de minha enxurrada sentimental, creio ser necessário um breve histórico acerca da figura principal a quem tal texto se refere: Peter Steele.

[Christian Woman]

Peter Steele, nascido Stalin (posteriormente Petrus e, finalmente, Peter) T. Ratajczik em 4 de janeiro de 1962, no Brooklyn, bairro de Nova Iorque, EUA, foi um dos músicos mais influentes na cena do Metal mundial da década de 1990. Descendente de russos, escoceses e poloneses, o baixista, vocalista e principal compositor do Type O Negative influenciou 9 entre 10 bandas do chamado "Doom Metal", mas sempre mantendo seu som com personalidade, força e, sobretudo, sentimento. O 3° álbum do Type O Negative, "Bloody Kisses", de 1993, recebeu disco de platina, elevando a banda a níveis de sucesso inimagináveis para qualquer egresso da marginalizada cena Hardcore/Punk/Thrash Metal do Brooklin. E em 15 de abril de 2010 é confimada sua morte, para tristeza de inúmeros fãs, como eu, que, ao longo de tantos anos, vêm tendo grande admiração por seu irrepreensível trabalho.

[The Glorious Liberation of People's Technocratic Republic of Vinnland by the Combined Forces of the United Territories of Europe]
Receber uma mensagem SMS com a frase "Peter Steele morreu" me fez refletir sobre a efemeridade do que de fato apreciamos. O que leva o indivíduo a projetar em ídolos, tão humanos quanto ele, tal adoração? No meu caso, é possível dizer que me via nas letras, e o som parecia falar diretamente com minha alma. Ouço a banda desde 2000, minha identificação musical e lírica sempre foi muito intensa, e imaginar que ver tal show, ou cantar junto com Peter (que sempre exerceu sobre mim grande influência como baixista, vocalista, letrista e modelo de hipertrofia muscular) letras que me fizeram poderar sobre meu modo de viver, pensar e agir, causa imensa tristeza. Por quê? Seria necessário um luto infindável, para que aqueles que não compreendem (e talvez jamais venham a compreender) como é possível que algo tão simples como a música possa mudar a vida de um indivíduo, venham a caçoar e ridicularizar? Neste momento, perdão, mas palavras oriundas de mentes & corações ignorantes não me importam.

[Unsuccessfully Copying With the Natural Beauty of Infidelity (I Know, You're Fucking Someone Else)]
Me importa parar e ouvir saudosamente tantos discos com capas pretas & verdes que eu, aos 15 anos de idade, juntava um suado dinheiro para garimpar nas lojas do centro de São Paulo. Me importa aquela inconfundível seqüência de Mi, Sol, Si & Lá, tocada ao contrabaixo, e fazendo a platéia gritar alucinadamente "BLACK! BLACK! BLACK! BLACK NUMBER ONE!". Me importa o orgulho estúpido que tenho de meu sangue ser Tipo O Negativo. Me importa relembrar como sorri com a alma naquele 14 de outubro de 2001 (e não como chorei no dia 14 de abril de 2010), ao comprar meu primeiro álbum deles, o clássico e já citado "Bloody Kisses", pela bagatela de R$ 14,00. Me importa imaginar como fiquei curioso ao ver aquele estranho desenho na camiseta de um rapaz ao atravessar a ponte Jurubatuba n'uma tarde de sábado em 1998, e quis saber do que se tratava. Me importa como eu achava incrível a simplicidade dessa banda, e em especial, desse vocalista, que só usava quatro cores: Preto, branco, cinza e verde. E como achei que White Stripes havia copiado tal idéia de utilizar somente preto, branco e vermelho deles. Me importa em saber que, assim como Ramones & Los Hermanos, a banda acaba (não, Type O Negative não pode voltar com outro baixista, vocalista, líder e ícone musical para tentar substituir Peter) em um bom momento, em vez de tentar se reinventar lançando álbuns cada vez piores, repetitivos e sugadores de dinheiro de fãs, como o fazem certas bandas britânicas, australianas e de Nova Jersey que prefiro não citar...

[IYDKMIGTHTKY (Gimmie That)]

Então, resta admirar a arte linda feita por esta grande (literalmente) personalidade, a despeito de sua vida pessoal, problemas com polícia, álcool e drogas. Ninguém tem o direito de julgar, muito menos antes de conhecer a forma belíssima como vidas mudaram em virtude da arte de Peter Steele. Eu vi tais mudanças acontecerem. Vi gente que encontrou de forma quase messiânica nas letras absurdas da banda força para erguer a cabeça e se reinventar, se dando o verdadeiro valor. E hoje, vendo o fim, me resta o saudosismo. Me resta saber que a arte é a linda herança deixada por Pete. Me resta saber que "nascemos póstumos", e que, como dizia o próprio Pete...
[Love You to Death]

1962 - 2010

Tudo Morre.

domingo, 18 de abril de 2010

Meme da Dayane

INDICAR O BLOG QUE TE ENVIOU: Pensaela
COLOCAR APENAS 1 RESPOSTA EM CADA PERGUNTA.
REPASSAR A BRINCADEIRA P 10 BLOGS (hehehe, faz quem quiser, assim como a Day disse.).
E AVISAR OS BLOGS QUE RECEBERAM O SELO.

Perguntas:

QUAL SEU NOME?
H. 0.9 (quem me conhece, sabe).

ONDE NASCEU?
São Paulo - SP.

DIA E MÊS DE NASCIMENTO
12 de outubro.

SIGNO
Libra (com ascendente em Capricórnio, Lua no céu, geralmente à noite, e sol no meio do sistema solar - Não acredito nessas coisas...)

COR PREDILETA
Preto (uma vez Dark, sempre trevoso).

PROFISSÃO
Professor (diversas disciplinas, incluindo inglês, turismo e o que mais for necessário).

SEU ATOR PREFERIDO
Sou bastante ignorante em relação a cinema, mas admiro Johnny Depp.

SEU FILME PREFERIDO
O último que vi e gostei (repito ser um ignorante cinematográfico) foi "Dracula de Bram Stoker".

MÚSICA DA SUA VIDA
No momento, "Der Brandtaucher"/"Wir Moorsoldaten" do Rome e "Haus der Lüge" do Einstürzende Neubauten.

SEU CANTOR OU GRUPO PREFERIDO
Einstürzende Neubauten, Laibach, Rome, Diamanda Galás, Ordo [Rosarius] Equilibrio, Madeleine Peyroux, The Cure... Não consigo elencar um só.

SE FOSSE VIAJAR QUAL PAÍS ESCOLHERIA
Alemanha. Leipzig, mais especificamente.

TIME DO CORAÇÃO
São Paulo Futebol Clube (mas sempre há o ABC de Natal - Meu time honorário).

SE VOCÊ PUDESSE CONTROLAR OS PROGRAMAS DA TV O QUE VOCÊ DETONARIA PARA SEMPRE?
Odeio TV.

QUAL O NOME DO SEU BICHO DE ESTIMAÇÃO
Prince Sniff Amir de Kinjan, mas as pessoas geralmente se referem a ele somente como Sniff. Meu cachorro cérbero.

QUAL SEU LEMA
“Às vezes, só a violência faz o sistema funcionar” - Ann Nocetti.

VOCÊ TEM UM SONHO DIFICIL DE ALCANÇAR
"Eu quero" significa "eu consigo".

O QUE VOCÊ ACHA BONITO FISICAMENTE NO SEU AMOR
Não tenho amor (nossa, que triste, não é? Huhauhauah)...

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Momentos
nos quais
me permito a
um pouco de futilidade
...

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Eu aprendo

(ou Reflexo de Não-Mais Escondidas Cicatrizes)

[Ana Carolina: "Vox Populi"]

Eu aprendo que a matemática que leva o ser humano a ter olhos e ouvidos em pares, enquanto a boca vem em carreira-solo, faz muito sentido no que diz respeito à freqüência no uso de tais extensões da anatomia.

[Ozzy Osbourne: "I Don't Know"]

Eu aprendo que o conhecimento é bom. E se souber se disfarçar em ignorância e estupidez, ele pode ser melhor ainda.

[Death: "The Philosopher"]

Eu aprendo que sabedoria sabe ser sacana, e se amplia enquanto se diminui (ou vice versa). E, se sábio, eu saberia, sigilosa e saudosamente, “ser isso socrático”.

[Laibach: "Jesus Christ Superstar"]

Eu aprendo que santos não são representações da Divindade, mas exemplos da possibilidade de alcançá-la preso à condição humana. E também aprendo que quem definiu, dentro de tal contexto, o que me é divino, bom ou mau não fui eu, e por esta razão, não desejo para mim tal santidade. Aprendo que isso pode fazer de mim um herege perante olhos que desejam tal glória, mas se os detentores destes trouxerem à minha presença um sorriso franco em vez de pedras e palavras duras, não hesitarei em abraçá-los com um sorriso igualmente verdadeiro.

[Iced Earth: "Harbinger of Fate"]

Eu aprendo que, muitas vezes, palavras duras são o melhor alento que alguém que se perdeu em labirintos formados pela condescendência excessiva pode receber. Mesmo que esse alguém seja eu.

[Rome: "Wir Moorsoldaten"]

Eu aprendo que a liberdade se faz presente quando o quinto parágrafo de um texto nega o quarto, e eu não me importo com isso a ponto de reescrevê-los, alterando sentimentos e pensamentos em prol da semântica, gramática ou concordância verbal/nominal/lógica.

[Red Hot Chili Peppers: "Under the Bridge"]

Eu aprendo que, por pior que Josef Stálin ou qualquer outro russo (ou russa) tenha sido, ler Dostoievski e ouvir Tchaikovsky não me aproxima negativamente de tais personalidades.

[Maria Rita: "Dos Gardenias"]

Eu aprendo que identificação estética é algo que passa a anos-luz de distância de identificação ideológica. E também aprendo que 85% da população ignora em absoluto este fato, e mataria por tal equívoco.

[Comando Blindado: "Volta CCC"]

Eu aprendo que o ódio que existe no indivíduo desde a mais tenra idade, e que é culturalmente alimentado, pode se dissipar no momento em que uma pessoa de sangue libanês brinda sua Heineken com uma pessoa de sangue judeu. E ambos sorriem, sem se importar com o que seus consangüíneos fazem no Oriente Médio.

[this Mortal coil: "My Father"]

Eu aprendo que liberdade é afirmar odiar Shakespeare e criar um texto com base em sua obra.

[Lacrimosa: "Stolzes Herz (Piano Version)"]

Eu aprendo que há ritmos de vida diferentes, e que o fato de eu respeitar o ritmo alheio nem sempre levará as pessoas a respeitar o meu. Mas ainda assim, eu poderei ser arrogante e dizer que tentei e estava com a razão.

[Type O Negative: "My Girlfriend's Girlfriend"]

Eu aprendo que dizer a verdade não é algo tão simples para muitas pessoas. E elas que aprendam, afinal, eu não posso aprender todas as verdades do universo, e tenho (dentro de meu egoísmo legitimado por mim mesmo) o pleno direito de me enfurecer com a mentira e as tentativas (geralmente infrutíferas) de me ludibriar. Aprendo que isso pode não ser de fato amor-próprio, porém, é parte de mim e me é de direito desejar manter tal aspecto de minha personalidade.

[Diamanda Galás: "Je Rame"]

Eu aprendo que a perfeição é desagradável, e que há defeitos extremamente divertidos. Muitas vezes, a amoralidade é um deles. Não aprendi ainda se a amoralidade é de fato um defeito ou a ausência deles. Mas, como dito anteriormente, não posso aprender todas as verdades do universo.

[Corpus Delicti: "Atmosphere (Joy Division Cover)"]

Eu aprendo que gosto de aprender, às vezes mais sobre Calvinismo, psicanálise e gardênias; às vezes mais sobre hotelaria e magia branca; às vezes mais sobre rugby e a cena alternativa de Seattle nos anos 90, e às vezes mais sobre cervejas belgas, música irlandesa e culinária Kosher. Mas estou sempre aprendendo (comentário realizado com o intuito de terminar o texto cinicamente, de forma infantil, inocente e com "síndrome de senso-comum". E seguindo tal tendência mainstream blogger...).

[The Doors: "The End"]

E você, aprende ou estagna?