quinta-feira, 11 de março de 2010

Trompetes e Saxofones Misantropos de Miles Davis & John Coltrane

(ou Um Breve Ensaio sobre a Misantropia)

[Ana Carolina: "Hoje Eu Tô Sozinha"]
Como suponho que o título revele, este texto não traz grandes floreios sobre as responsabilidades sociais, tampouco discorre a respeito dos problemas do mundo. Trata-se de uma disgressão acerca do eu. O ego, mais seu centro que suas periferias; o egocentrismo e a misantropia (Em tempo - Misantropia: s.f. Horror à criatura humana; aversão à sociedade.).

[Madeleine Peyroux: "Careless Love"]

O fato é que há muito de nós que não nos é inato (percebe, caro leitor, a tendência ao social? Acabo de afirmar que o texto trata do "eu" e engendro, logo de cara, um "nós" em meio às linhas pseudo-misantropas. Mas tem paciência, rogo-te). Quanto não nos é adicionado ao longo de repetidas mentiras e atrasados conceitos, deliberadamente jogados perante nossos olhos, derramados em nossos ouvidos e empurrados glote, epiglote & traquéia abaixo? Todavia, mais preocupante é: Quanto disso não nos é absorvido por vontade própria, e assimilado ao que costumamos corriqueiramente chamar de "eu"?

[sigur rós: "Milanó"]

Pode-se dizer, então, que a partir do momento que este processo se dá com uma parcela considerável de humanos que compartilham de um mesmo território e, teoricamente, de uma mesma cultura, surge algo como uma "consciência coletiva do que é certo, errado, censurável e passível de morte por fuzilamento". A isso se convencionou chamar "Ética" (substantivo). E, a tudo que foge a tais padrões, "Anti-ético" (adjetivo).

[Marilyn Manson: "Coma White"]

O EGOÍSMO É ANTI-ÉTICO.

[300,000 Verschiedene Krawalle: "Transcendental Storm"]

Mas o sacrifício, o martírio, a pobreza e o sofrimento são eticamente louváveis. Acredito ser um contra-senso perguntar a razão de um por quê coletivo em um texto abertamente voltado ao âmbito do indivíduo (mesmo já tendo apelado a termos como "humanos", "compartilhar", "coletiva" dentre outros, mas anteriormente roguei-te paciência, caro leitor), então, que haja, enfim, um direcionamento para tantos rodeios acerca das coletividades individuais ou individualidades coletivas dessa famigerada ética e de sua relação com o egoísmo.

[Laibach: "God is God"]

O fato é que, abandonando qualquer senso de justiça, moral, ética ou conceito social, abraço (sim, eu, H.) afetuosamente a mais eticamente execrável das vicissitudes: do amor ao próximo para o horror social. Da benevolência à crueldade sádica. Da devoção ao desprezo. Do perdão ao esquecimento. Ou (creio ser esta a mais perfeitamente clara descrição) do outro para o eu. Em outros tempos, explicar-me-ia a respeito de razões ou justificativas para tal, mas hoje, não me é necessário. Minha vontade e minha consciência me guiam por onde quer que eu me atreva a pisar, e desta forma, torno-me mais uma vez senhor de meu destino e ações. "Nada permanece.
Nada me prende aqui." - já dizia Tilo Wolff. E toda a supracitada exposição sobre os conceitos sociais, a ética e todo o enfadonho deste ensaio nada mais foi que um pano de fundo, uma cozinha de jazz, com o piano, a bateria e o contrabaixo sociais; para que Miles Davis & John Coltrane pudessem solar seus trompetes e saxofones misantropos.

[Laibach: "Krst Pod Triglavom"]

Correto? Impetuoso? Belo? Reprovável? Talvez, mas quem julga? Mary Shelley apesentou o criador que vira as costas para a criatura. Quem é o monstro e quem é a vítima? Mas, mais importante que isso é: Se és o monstro, a quem deve tu pedir perdão? Deve tu pedir perdão?

[Vomito Negro: "Escape"]

Não. Não mais.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tipo,desculpe se minha ignorancia hj esta exultantes,mas nao entendei nd q vc falou!

Anônimo disse...

Olha eu aqui de nv =D!